terça-feira, 31 de julho de 2012

“Enquanto existir cavalo, São Jorge não anda a pé”

A vó Melinha ensinou sabedoria na forma de ditos populares para a Silvinha 


Quando vimos juntas o filme O Fabuloso Destino de Amelie Poulain, vó perguntou:
 - Silvinha, ali está escrito Amélia?
 - Tá, vó, é nosso nome em francês.
Pronto, estamos apresentadas, somos duas Amélias numa família cheia de Amélias. Minha avó chama Amélia. Eu chamo Sílvia Amélia, mas me sinto mais Amélia do que Sílvia. E o significado de Amélia é mulher trabalhadeira, batalhadora. O que realmente somos. Minha avó me ensinou muita coisa, a rezar, a cantar música caipiria, a descascar laranja e algumas pérolas de sabedoria na forma de ditados populares.
Escolhi este ditado acima por ele ser um dos que ainda me ensina bastante. É que gosto de ajudar as pessoas e, de vez em quando, erro na mão e me torno maternal em exagero. Ajudo quem é plenamente capaz de se ajudar. Hora ou outra me sujeito a pedidos de gente folgada. Daí quando preciso dizer um não pra alguém assim sempre me lembro do que minha vó Melinha dizia: enquanto existir cavalo, São Jorge não anda a pé. Enquanto tiver quem aceita carregar os outros nas costas pela vida, terá quem se dá bem a custa destes tolos...
Esta não é uma lição contra a solidariedade, mas a favor do amor-próprio. Ajude quem realmente precisa de ajuda, faça sozinho se é capaz. E, se for o caso, mesmo podendo ajudar e o outro precisando de ajuda, sabia quando deixar que ele aprenda sozinho como resolver um problema. Este ditado convida a ampliar nossa visão sobre as diferentes intenções e implicações por trás de um pedido de ajuda. Sobre a importância de sabermos andar sobre nossos pés, sem passar por cima (e nem por baixo!) de ninguém.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

"Eu sou da society"

Maria Edelvira, mais conhecida como Vivica, tem 84 anos e é vovó da Ju Afonso

"Minha vó é conversadeira. E das boas. Ela não fala sobre o tempo quando não conhece alguém. Prefere conversar sobre moda, discutir política ou apresentar os 7 novos alimentos importantes para uma dieta balanceada, segundo o Globo Repórter da sexta-feira passada. Vovó puxa papo com qualquer pessoa. E o engraçado é que as conversas dela sempre se transformam em amizade. Quando os vizinhos mudam de casa, eles não se despedem de ninguém, mas fazem questão de passar no apartamento dela para um último abraço. Quando ela entra no restaurante que frequenta, todos os garçons a cumprimentam e a gerente faz questão de ir na sua mesa para perguntar "como vai a senhora?". A simpatia é tanta que, dia desses, ficou de papo com a moça que arruma seu cabelo bem no meio da rua.
"Eu sou da society", me disse essa semana, depois de contar os detalhes da sua rotina de aposentada atribulada. De fato, vovó conhece todo mundo. O que ela tem não é um incrível enrolador de lero lero. É uma verdadeira habilidade. E ela sabe disso. As idas ao médico, os passeios no centro e os encontros da associação são só os meios. Seu trabalho diário, na verdade, é conversar. Com um sorriso doce (e algumas gargalhadas que a fazem chorar de rir) ela contagia muita gente."

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Poeminha da Deh

Jacira, avó de Débora Carvalho, mandou presentinho e ganhou poesia

Quando minha mãe foi me visitar do outro lado do Atlântico
me entregou um saquinho desses de jóia
e de dentro eu tirei um colar prateado com um pingente de coração
que eu bem sabia de qual pescoço pertencia.

minha vó, vozinha, pequenina, dona Jacira
mandou seu coração pra eu não esquecer dela
como se fosse possível um dia...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

Os preferidos tinham vez


Maria Fagundes, avó de Tidinha, e seu inseparável Tatão: quem ela gostava era bazadinha, quem ela não aprovava era lambisgóia

A vovó Maria tinha umas manias que eram só dela: guardar os pedaços de frango mais gostosos para os filhos e netos  preferidos. Tirar quitanda da dispensa só quando tinha visita em casa. E ficar brava quando alguma coisa não saía do seu jeito. Ah, mas ela xingava! Tanto que contam que uma vez a assombração apareceu lá na fazenda do Bernardo, assoviando forte três vezes depois que ela chamou o capeta na quaresma. Era engraçado quando ela não gostava de alguma pessoa (ou da namorada de algum neto) e não queria nem saber o nome, era “lambisgóia”. Adorava dar beliscão na gente prá chamar atenção, bem engraçada!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Sou de sorte

Zizinha e Candinha, avós da Tereza, na janela da casa grande de Ibertioga
Zizinha e Candinha, avós da Tereza, na janela da casa grande de Ibertioga



Eu tive, na verdade, duas avós por parte de pai. Uma era a de sangue, a Vovó Zizinha, que eu conheci pouco. A outra era a Vovó Candinha (que eu amo o nome, Cândida = pura), e que ficou morando na minha casa logo depois que a sua “patroa” se foi. Ela era cheia de histórias, viveu mais de 100 anos, e adorava cantar pra gente na cozinha. Eu me lembro sempre desse versinho: “A folha da bananeira, mexe com o sol e com o vento, os óio dessa minina mexe c’os meus pensamento”. Ela também falava que lenço branco na “jinela” é sinal de casamento!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

"Banana de noite mata"

Zizinha, avó da Tereza, ao lado de João Miranda e todos os 10 filhos no terreiro da Saudade: o nome da fazenda é sim porque a gente tem muita saudade uns dos outros!



As lembranças que eu tenho da Vovó Zizinha são da casa vermelha e branca bem em frente a pracinha da matriz. Ibertioga era beeemm menor do que é hoje (rs) e esta era uma das casas mais bonitas da cidade, a gente adorava levar os coleguinhas pra brincar lá depois da aula. Principalmente no pomar, que tinha mil frutas gostosas. Uma vez caí da jabuticabeira e ela ficou brava por eu ter subido pelo muro e chegado tão alto. Se a gente jogava casca de laranja no meio da horta, ela chamava a atenção também. E tinha umas lendas sobre a hora certa de comer cada fruta... nunca vou esquecer: “banana de dia é ouro, de tarde é prata e de noite mata”

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Ela é a número 1!


Neuza, avó da Tereza, segurando a bandeira de Santos Reis: “assim se toca, assim se dança”
Neuza, avó da Tereza, segurando a bandeira de Santos Reis: "assim se toca, assim se dança"

Não é de hoje que a gente tem vontade de registrar as expressões da Dona Neuza. Elas parecem infinitas e cada vez mais engraçadas. Toda vez que fico com ela mais de uma tarde, aprendo uma nova – e o melhor é que todas têm algum fundamento. Imagine se eu não gosto de receber um conselho tão sincero quanto “Antes se passar por boba do que por ativa demais”? Então resolvi documentar as falinhas mais genuínas dela, que podem ser lidas aqui (a intenção é, inclusive, gravar uns áudios e uns vídeos). É só entrar no ritmo do blog, afinal, ela não deixa de avisar sempre que a gente faz coisa errada (e vai receber um troco errado da vida também): Assim se toca, assim se dança!