Dona Íris, muito querida em Ibertioga, é avó da Marina e da Betânia. Ela não gosta de tirar retrato e não repete a pose nem se todo mundo disser “saiu de olho fechado!” |
Em Ibertioga, algumas figuras são lendárias. E Dona Íris é uma delas. Todo mundo costuma cumprimentá-la enquanto ela está dando uma volta na praça “quentando sol”. Ela é uma simpatia e tem um jardim cheio de flores lindas. Acho que não somos parentes (mas em Ibertioga todo mundo é meio primo, por isso o "acho”), mas na minha casa todo mundo gosta muito dela - especialmente a Dona Neuza. A Marina, uma das netas, mandou uma historinha que é a cara dela:
Cresci escutando minha minha Vó Íris dar muita importância ao casamento, a marido, filho, família etc. Ela é superfalante. Cheia de conselhos e desesperos.
Um dia desses falei que me “rogou uma praga”. Ao perguntar minha idade, disse que estava com quase 30 anos e que não tinha namorado. Ela colocou a mão no rosto, fez uma cara de piedade e falou “coitada minha filha, vai ficar pra titia! Tem que arrumar um namorado”. Disse pra ela que ainda estava em tempo e que eu não estava preocupada com isso. Ela continuou lamuriando, com peninha de mim.
Para outra prima aconselhou que um marido era muito importante pois “já imaginou se a lâmpada queima? Tem que ter alguém pra trocar!”.
Imagino quantos conselhos matrimoniais ela já deu por aí: “mulher sozinha não é feliz”.
Uma vez me contou como era o namoro antigamente: “não podia pegar nem na mão!”. Falei: “que namoro chato, hein Vó?!”. Ela riu, falou que não era chato e disse que sente saudades de ‘namorar com’ meu avô.
Depois falou que olha pro banco da praça da igreja e vê os dois sentados, juntos, até hoje. Mostrou que anda com as duas alianças: a dela e a dele. Eu também me lembro disto, Vovó. E lembrando a cena acredito que não era nada chato, e sim muito bonito.